Monday, April 16, 2012

Sobre o #OcupeEstelita



Quando a indignação ainda começava, vi através do Facebook, Youtube e alguns mailing lists reservados, que os recifenses começavam a se organizar para fazer uma coisa que pouca gente faz e muito menos gente escuta: dizer o que pensam! Eu, bem de longe, Berlim, Alemanha, essa covarde que graças a um passaporte italiano provindo do pai, teve a oportunidade de escolher facilmente, viver num país onde não se necessita tantas guerras diárias para se viver uma vida minimamente digna, enchi meu peito de orgulho e esperança, ao ver uma jovem promotora recifense que na audiência pública falou coisas muito pertinentes e tudo dentro do que diz a tão ignorada "lei".

Vi professores e arquitetos se pronunciando, usando parâmetros de cidades grandes de países super desenvolvidos como exemplo para a discussão. Vi jornalistas e estudantes de jornalismo gastarem o seu tempo (que podia ser usado para coisas mais egoístas e prazerosas como a maioria faz), lendo, pesquisando e escrevendo textos para esclarecerem os menos informados sobre esse movimento que pede somente uma cidade boa de viver não só para eles mas para todos, agora e no futuro.

Vi gente duvidar que essas vozes seriam ouvidas, por exemplo pelo Jornal do Comércio, do nosso querido José Paes Mendonça, alguém nada interessado na mensagem dessas vozes, e que no final, cedeu a força destas e publicou algo respeito. Vi gente se preocupando em fazer uma manifestação pacífica, limpa, com coleta seletiva para reciclagem, com meios de transporte auto sustentáveis, atividades para crianças. Tudo a ver com a proposta. É disto que a gente tá falando! Vi os artistas, designers, fotógrafos, performers e a criatividade dos cidadãos dessa cidade, que como sempre, realizaram um espetáculo bonito no domingo 15 lá no Cais. Apesar de terem feito bem o seu trabalho, não me surpreenderam porque conheço o potencial desse pessoal de longa data e eu já sabia que seria assim.

Mas me surpreende os comentários e as piadinhas que li no Facebook e Twitter contra esse movimento. Eu fico curiosa: o que será que incomoda esse pessoal, dentro de uma proposta que só pede respeito aos cidadãos, mais estudo sobre a cidade enquanto espaço urbano e sobre as soluções dos problemas que todos nós vivemos, ricos e pobres, como o trânsito e a violência?

Esse pessoal por acaso não é aquele mesmo pessoal que viaja para a Europa e acha lindo passear na rua (em espaços urbanos como o Estelita) e tirar foto pra enviar pelo Instagram com filtro de polaroid pra família? Eu me pergunto se tem alguma foto na frente de um portaria de um prédio com um porteiro no álbum "Viagem à Europa" do flicker deles. Minha gente, essa luta é pra vocês também!

Dá pra perder o capítulo da novela de hoje e gastar um tempinho lendo as matérias, ver os vídeos e talvez conversar com alguém a respeito pra saber que o buraco é muito mais embaixo? Que essa "festinha" lá no Estelita é só uma forma de fazer esse tipo de gente como você, pelo menos, chegar a ter consciência do que tá acontecendo? Que tem muito mais backstage do que tu imagina? Parece que funcionou né? Agora vamos lá, hora de partir para a segunda etapa: se informar melhor. E se chegar no terceiro estágio, o de participar, aí ganha pontos Bom Clube da vida real.

E teve uma lá que critica o fato dos manifestantes terem IPhones e Instagram! Marrenada! Não dá pra ser mais superficial não minha filha? Como é que, diante de um problema tão mais importante, a única coisa que você observa é isso?? É de cair o queixo. Querida, os hippies foram os revolucionários dos anos 70. Isso foi há 40 anos atrás! Dá pra desimpregnar dessa paranóia? - Mas já que você tocou no assunto, btw, foi por causa desses hippies nojentos que tu pode dar uma com teu namorado antes de casar sem ninguém dizer nada viu? Essa coisa de menosprezar hippie, vou te dizer, tá fora de moda já...

Falando em Moda, agora tá super in (e eu amo muito isso) essas pessoas que você chama de hippies terem IPhones, Smartphones, Highspeed internet, títulos bem adquiridos nas melhores universidades, etc etc. Tudinho! Se acostuma com isso que não tem mais volta não viu?

Daqui pra frente é assim. Graças a internet e ascensão de algumas camadas da sociedade, acabou-se o tempo em que os donos do dinheiro eram os únicos donos da informação. Acabou o tempo quando todo mundo, como aquela publicitária lá, tinha o rabo preso pra "pagar as contas". E eu ainda sonho que muito em breve nos uniremos a rafaméia (como você diria e eu nem sei como se escreve) dos morros e ilhas do Recife, que hoje não têm tempo/espírito de ir no Estelita porque o dia a dia é muito cheio de problemas básicos. Mas ainda sim, tem dos que vão viu? Esses bravos guerreiros, a rafaméia, com sua vida difícil, sem IPhone, sem highspedd internet, tá fazendo um monte de coisa. E faz é tempo! Se você saísse do seu prédio, do seu carro e do seu shopping você poderia até ver com o seus próprios olhos - perdão pelo plonasmo inevitável.

Agora não tem mais volta, a Moura Dubeaux e Cia pode até construir dez mil espigões e fuder ainda mais a mobilidade, o clima e a paisagem dessa cidade, mas esse pessoal que você chama de hippie de butique vai se tornar cada vez maior e mais poderoso. E com você, sabe o que vai acontecer? Só coisa boa. Você vai ser uma velhinha feliz e seus filhos vão ter uma cidade melhor, menos trânsito, menos poluição e menos violência. Já pensou que legal? Aí quando chegar nesse ponto a gente monta uma empreiteira e derruba esses prédios todos só pra sentar e ver o nascer do sol de um lugar que não seja o terraço de um ricaço.

Saturday, April 07, 2012

Coisas que eu não entendo desde um ponto de vista de nós, os ricos.




Que miséria existe é um fato e todo mundo (seja solidário ou não) sabe, né não? Até os que acham que as pessoas que vivem nessa miséria a merecem. Até os que inclusive acham que estes indivíduos são um tipo de ser humano inferior e não são capazes de serem melhores porque está "no sangue" deles. Todos sabem que a pobreza e a miséria existem.

Eu posso também imaginar que esse pessoal, que pensa que os pobres e os miseráveis merecem a sua pobreza e a sua miséria, não entende muito as origens destas porque nunca se proporam a investigar, ou quando se falou sobre política, história do Brasil e do mundo na escola eles tavam muito ocupados com os dramas da modernidade... Desde que nasceram o país é assim e nada se pode fazer. Posso imaginar bem também, porque infelizmente conheço gente dessa estirpe, que nenhum deles procurou ler a respeito em livros extra curriculares. Sei que nenhum deles lêem publicações isentas, já que essas, quase não existem, especialmente em Recife. E sei, que em pouquíssimos casos, essas pessoas procuraram se misturar ou escutar a esses pobres e miseráveis, mesmo quando eles trabalham na suas casas aquelas 8h por dia que constam no contrato - quando são somente 8 horas e quando existe algum contrato!

Eu imagino que muitos desses, que pensam que os pobres e miseráveis merecem a pobreza e a miséria, viajaram um pouco pelo mundo. Porque esse pessoal, em geral, tem dinheiro. E viajar é uma coisa que a pessoa faz quando se tem dinheiro. Mesmo essas pessoas, que ao meu ver, possuem lacunas gravíssimas no seu repertório de informação sobre o mundo, especialmente quando estas vivem numa cidade como Recife, onde essas informações são dados gritantes do dia a dia de todos, todas elas são providas de um cerébro que pensa. Muitas delas, dentro do seu contexto, são pessoas razoáveis e inteligentes. Muitas delas falam vários idiomas, têm títulos de universidades renomadas dentro e fora do país. Muitas já experimentaram a delícia que é pegar um metrô ou de estacionar o carro tarde da noite sem sentir medo, de andar na rua, alguns até se atreveram em usar a bicicleta como meio de transporte! Muitos deles desfrutaram e conhecem essa sensação. Muitos não voltam nunca pro Brasil porque preferem viver nessa paz e eu entendo isso.

Esse pessoal provavelmente notou que a diferença básica entre esses países onde se pode andar na rua sem medo e o Brasil é que nas cidades brasileiras, além deles, que têm seguro de saúde, carro do ano, segurança na portaria, cerca elétrica, empregada na cozinha e iPod no bolso, existem uma quantidade enorme de gente pobre e miserável que vive e sustenta 4 filhos e 1 neto o mês inteiro com o dinheiro que eles usam numa noitada. Todo mundo sabe que tem gente que nem um salário tem. Todo mundo sabe o valor do salário mínimo. Todo mundo sabe que a maioria dessas pessoas pobres e miseráveis não têm o mínimo para garantir o não desespero no dia a dia: saúde, educação, moradia digna, direitos básicos, etc.

Um último ponto e depois eu concluo:

Ninguém, nem os que a sofrem passivamente ou ativamente, gosta da violência. Mas estamos aqui, analisando o ponto de vista dos ricos: ninguém gosta de andar pelo mundo com medo de ter o carro, o laptop, o relógio, o iPhone roubado né? Ou pior, ser sequestrado, violentado fisicamente, as vezes com armas de fogo. Muitos estão até habituados a essa vida absurda entre grades, câmeras e seguranças, e nem se lembra que a vida foi e é possível sem essa parafernália. Mas ninguém realmente gosta dessa sentimento de inseguridade para sair de casa e conviver com o porteiro, a empregada, o homem do coco, o guardador de carro, etc.

Pois é, a coisa que eu não entendo é a seguinte:

Supondo que esse pessoal, tão chique, tão viajado, tão cheio de títulos, não estejam nem aí pra o destino e a origem dos que infelizmente não tiveram a mesma sorte e são pobres e miseráveis. E que achem mesmo que eles merecem a posição que ocupam nesta sociedade. Mesmo assim, nessa incrivelmente triste mas real hipótese: será que ninguém chegou a desconfiar que talvez essa diferença entre eles e os pobres e miseráveis é um motivo importante dessa violência toda entre os indivíduos da sociedade brasileira? Será que nenhum deles, nem que seja por uma razão puramente egoísta de viver a própria vida com um pouco mais de paz, pensou nisso? E nenhum deles está disposto a, pelo menos, concordar com políticas mínimas para amenizar esse problema?

Pronto. É isso que eu não entendo.

"Quais políticas? Como fazer?" - questionariam os ricos mais bem intencionados. Existem várias outras coisas que valem a pena discutir a partir daqui. Como por exemplo, a outra "modalidade" de violência sofrida, neste caso, por essas pessoas pobres e miseráveis, provinda de representantes institucionalizados da sociedade. Esses são assuntos importantes e inevitáveis, mas por enquanto eu vou ter que pedir ajuda aos universitários, licença a vocês leitores e retirar-me que já é tarde. Um beijo a todos, ricos e pobres!

Sunday, August 07, 2011

Rafinha, vai a merda! New York Times, se liga!

Esse é o meu comentário sobre a matéria que saiu no NYT sobre esse rapaz que eu nem sabia que existia até pouco tempo mas o cara se esforçou tanto nas merda que ele fala que me além de reconhecê-lo ainda me inspirou a protestar. Os posts no site do NYT são moderados, não sei se o meu "erro de digitação" do segundo parágrafo vai passar batido lá, mas se não, aqui está.


"(...)Brazilians have always had an appreciation for the absurd"

I just want to remember you guys from the NYT and all Rafinha's fans, that "absurds" just can be funny when they can be noticed. In our society, unfortunally, raping is not an absurd but a reality. Check our numbers please. You could also take the chance and check the numbers between Brasil and other countries about plastic surgery, body interventions and all the victims of this beauty industry. You'd notice that the obligation of being "beautiful" to a brazilian women is not an absurd here also, is a cruel reality.

Mr Bostas knows that and the sad thing is: he agrees with that! He agree with the fact that some women don't have sex because they are "ugly". He proved that also when he said in his TV show that mothers with ugly tits just feed their babies in public because they are exhibitionists (not because their babies are starving) and it's a pitty that the ones with nice tits doesn't do it. Because for Mr Bastos, women tits are made to satisfy men, not to feed human beings. Actually for Mr Bastos (and unfortunally for lots of brazilian too) women existence has only this goal. Check also the bear advertinsing in Brasil - this "men" product.

His success in internet is just a sign for what should be changed in brazilian society and thank god there are people doing something against it (I'm proud about some comments I read here). I know nice guys very happy with "ugly" women because women for them are more then a body.That's how it should be. I make mine the words of Amanda: "The fact that makes all people so angry is not only that this person does this kind of joke, is that this article will give this person a visibility that will appear to be positive exactly in the moment that he was supposed to be giving explanations to justice for the crimes he is being charged of. Just a note: he did not show up today (oh I am so surprised..)"

Btw, to compair this man with Tropicália movement was not just a mistake but a total misunderstanding and superficial knowledge about it! Tropicália has something to do with change, revolution (through music aesthestics) and a new point of view to the world learn it. The Mr Bastos jokes are just the opposite: they solidify the prejudices and the problems around them. There's lots of other things really funny to laugh about. We don't need his jokes.

Honestly, I think NYT owes the brazilian women an official apology.
About Mr. Bastos, the brazilian law is already taking care of him - poorly but somehow...

Thursday, July 07, 2011

Friday, December 24, 2010

Cala a boca mulher!



Outro dia, como costuma fazer, um amigo da adolescência com o qual não tenho contato desde então, me enviou através de um desses e-mails coletivos, com todos os endereços visíveis, uma piadinha que não achei muita graça. Respondi* imediatamente a todos da lista com a seguinte frase: eu espero que o resto do mundo não seja tão machista* assim, ponto.

Não vem ao caso reproduzir a piada aqui por razões óbvias, mas em resumo se tratava da velha idéia de que mulher de mais de 30 dirige mas não entende nada de carro e que merece ser corneada pelo marido com uma menina de 20 anos. Nada de novo.

Para minha surpresa houveram várias reações indignadas com o meu singelo e-mail de apenas 11 palavras. A única amiga que desenvolveu a discussão lançada pelo meu comentário dizia que não entende mulheres feministas* que ao mesmo tempo descem até o chão - como se no pacote de ser mulher estivesse necessariamente incluída a prática da tal coreografia baiana. Lá deve ser assim. Um outro argumento repetido era o de que nossa sociedade é machista e é assim mesmo, não se pode fazer nada. Eu não deveria e era "anti-ético"* usar a lista alheia para discutir assuntos de "ideologia"*.

Houveram outras reações, todas contra mim, defendendo o remetente como se eu o tivesse ofendido com insultos, dizendo que eu fui agressiva*, medíocre*, imatura* e não sei que mais lá. Vários começavam com "eu não sou machista, mas..." seguido de uma explicação que confirma exatamente o contrário.

O próprio remetente se declarou, não ao grupo, mas a mim particularmente, muito ofendido porque na lista constavam sua mulher, mãe e filhos. Eu não deveria tê-lo "ofendido" na frente dessas pessoas. Ao grupo ele se mostrava completamente indiferente ao que eu tinha comentado e simplesmente tentava demonstrar um expert em "etiqueta digital"* depois de ter passado um ano disponibilizando os e-mails pessoais alheios a outros alheios para divulgar piadinhas de terceira.

Bom, me sinto aqui na liberdade de saltar a discussão sobre o machismo da piada e sobre os efeitos negativos deste na nossa sociedade porque sei que os amigos que lerão essa pequena crônica, ao contrário do grupo da dita lista de e-mails, já estão carecas de sabê-lo.

Depois de dia e meio com essa discussão digital, me resumo a refletir: estará a palavra "machismo" já tão gastada que deixou de significar o que realmente significa para ser reduzida simplesmente a um insulto gratuito? Será que chamar alguém de machista virou já a mesma coisa que chamar alguém de filho da puta? Ninguém que insulta outra pessoa de filho da puta quer dizer que sua mãe é puta né? Quer dizer que a odeia, que rejeita sua atitude, que não acredita nela, que é injusta, desonesta, enfim, que é uma filha da puta! Mas o que eu quis dizer com "machista" era "machista" mesmo, nada mais (ver definição abaixo em caso de dúvida).

Será que agora em fevereiro, quando volte à minha cidade natal, se encontrar o meu carro amassado por algum motorista barbeiro fujão, em vez do clássico e efetivo fdp eu deveria gritar "machista!"? Ou quando compare o salário de um parlamentar com o salário mínimo eu deveria também gritar "machistas!"? Ou ainda, mais tarde, quando a minha filha começar a falar eu deveria proibí-la de falar essa palavra que começa com M?

Será que agora lá existe uma plenário, com hora marcada, toda semana, para discutir temas de "ideologia" e o resto da semana a gente pode agir como verdadeiros filhos da put... ups, não, machistas? Como se faz hoje em dia para compor a própria postura pessoal perante o mundo? Não é necessário mais pensar, exercitar, discutir, mudar, transformar em cada pequena ação nossa? A educação e a ética não era algo para servir a esses valores ou agora é o contrário? Tem alguém que manda uma cartilha pra a pessoa estudar, aprender e viver até morrer? E desculpa que me extenda mais um pouco, só mais um perguntinha, a que me dá mais medo, quem ou o quê é que nos fornece essa cartilha?


* Segue abaixo um breve dicionário caso alguém dessa lista de e-mails venha parar aqui nesse humilde blog, coisa que eu duvido, porque como já me informaram, não estão interessados em discutir assuntos de "ideologia" hahahahah

Machismo
Feminismo
Ética
Mediocridade
Maturidade
Ideologia
Agressividade
Aqui uma matéria que explica bem direitinho que não é educado enviar e-mails coletivos com os e-mails visíveis pra todo mundo.

Friday, November 05, 2010

Nordestino or not nordestino

Se é assim, eu mesma que nem sei o que sou mais, que nasci no sertão e digo que sou do litoral, que sou filha de italiano mas nunca morei lá, que morei na espanha - ups, não, na catalunha, e agora moro na alemanha, que digo que sou pernambucana mas tenho o RG alagoano e a certidão baiana, que fora penso que sou muito brasileira e dentro penso que sou meio estrangeira, que na dinamarca casei com um rapaz da bulgária e que tenho uma filha de passaporte alemão, de onde são as pessoas que eu devo odiar de coração? Alguém pode me dar essa informação?

Saturday, October 16, 2010

15 DICAS DA MAMÃE RENATA PARA MÃES DE PRIMEIRA VIAGEM COMO EU

Quanto tempo querido blog, eu agora sou uma mulher casada e com filha, já pensou?

O meu novo post é sobre isso. É muito difícil desfrutar a experiência de ser mãe de um ser humanozinho lindo e não fazer disso o seu assunto principal. Por isso, peço paciência, logo mais postarei coisas com outros assuntos, prometo. Reuni aqui algumas informações sobre o assunto que podem ser úteis. Algumas fruto da minha própria experiência, da de amigas próximas e de pesquisas minhas na internet, livros e vida real. É, minha filha tem só 6 meses (pra mim parece muito mais) e eu já tô me achando:



1- CHÁ DE FRALDAS: recomendo muuuuito! Não custa quase nada e se você tem muitos amigos/família, vai economizar um dinheirinho importante. Eu até agora não comprei NENHUM pacote de fraldas :-D

2- REDE: Igual que antes das rodas um carro tem que ter um som, antes de um bebê nascer ele tem que ter uma rede. É a melhor coisa pra fazer os bichinhos dormirem! Não tem jeito, é unanimidade, aqui na Alemanha eles têm versões interessantes para fazer a mesma coisa, mas não é novidade pra ninguém, um balancinho delicado, seja no braço, seja no carro, ou na rede, é batata pra fazer bebês dormirem.

3- QUERIDOS PAIS: ajudem às mães!!!!! Não espere que ela peça a sua ajuda, é muito chato, além de causar uma sensação de dependência que nenhum ser humano adulto normal gosta. Dê pequenas "férias" de 2 ou 3h sempre que possível, deixe a mamãe sozinha, assistindo televisão, fazendo depilação, lendo quadrinhos, tomando sol, se arrumando, fazendo nada, qualquer um desses luxos que ela não pode nem sonhar em fazer porque ela mal consegue fazer as necessidades básicas... carregue o bebê, troque fralda, dê banho, bote as roupinhas pra lavar, console quando o bebê chorar, bote na cama pra dormir. Com certeza quase tudo que você fizer não é nem a metade do que ela já tá fazendo e como diz o homi do meu guia: não tem nada, além de amamentar, que o pai não possa fazer também.

4- FRALDAS PRA LIMPAR AS GOFADAS: nos primeiros 3 ou 4 meses é algo que você tem que ter em TODOS os cantos da casa, carro, carrinho de bebê, todas as bolsas, etc. Tem que ser que nem acarajé em Salvador: olhou pro lado, tem um.

5- CHORO: conheça o choro do teu pirraia. Gaste tempo com isso, observe-o. Preste atenção na carinha, nas reações quando você está presente e quando não (através de um espelho, perguntando aos outros cuidadores, etc etc), se é capaz de se distrair facilmente enquanto chora... Deixe-o chorar um pouquinho às vezes, a fim de compreendê-lo. Alguns minutinhos extra de choro para que você o estude no começo vão economizar horas de choro por ignorância sua no futuro.

6- COMER: quanto antes se estabelecer um regime determinado por você (4 em 4 horas, 3 em 3 horas, etc) antes você vai poder se organizar melhor. E o pirraia agradecerá. Eu tive que parar e gastar tempo com isso porque tava virando um problemão, ela chorava, eu dava o peito, ela comia mais do que devia, segundo o meu médico, o estômago ficava sobrecarregado e lhe causava mais cólicas do que deveria ter. É possível "enganar" os bichinhos, passeando, brincando, trocando fralda, dando banho, cortando unhas, qualquer coisa que ele deixe você fazer enquanto não dá as 3 ou 4 horas determinadas por você previamente. Deixe tudo o que você tá fazendo em nome disso porque quando ritmo se estabeleça você vai poder fazer todas essas coisas com mais calma depois.

7- INSISTÊNCIA: toda coisa nova, como chupeta, mamadeira, dormir em determinado horário, carrinho, mochilinha canguru, água, comida, que você decide dar/fazer e o bebê não aceita, tem que insistir, todo dia, sempre, como se fosse a primeira vez, comigo funcionou com tudo. Bom, devo dizer que a mamadeira ainda é uma luta por vencer, mas será por pouco tempo ;-)

8- RITUAIS: isso foi Luciana que me disse e confirmo empiricamente, além de ter lido em várias guias e escutado do meu médico. Tudo que se faz todo dia, tipo tomar banho, dar comidinha (a partir dos 6 meses mais ou menos), dormir, se você faz sempre igual, o bebê entende que depois disso vem aquilo e já o aceita. Fazer pequenos sinais com a mão ou dizer as mesmas palavras também ajuda. Minha filha por exemplo, já sabe que sempre que eu digo "um, dois, três" é porque eu quero que ela se levante e ela já estende a mãozinha.

9- BEBÊS MANIPULAM! É verdade. Eles são espertos. Segundo o guia que eu leio e minha experiência pessoal, a partir do 4º mês eles já sabem que chorando conseguem tudo o que querem, mesmo que não o necessitem realmente - como comer a cada 1 ou 2 horas. Um bebê vai sempre preferir estar no colo da mãe, mas ele tem que aprender que para o seu próprio bem, ele deve aprender a ficar na cama e mais tarde quando saiba engatinhar, no chão com seus brinquedinhos sozinho. Ele vai ter uma mãe mais feliz se ela pode tomar banho, cagar, mijar, comer, essas coisas...

10- CÓLICAS: tem algumas coisas que aliviam, mas no começo rola mesmo, não tem jeito, meu médico disse que é o estomagozinho se acostumando a administrar as coisas que chegam lá. Se você amamente, não exagere na cebola, alho, feijão ou outros alimentos que você sabe que causam gases a você. Alivia deitá-lo de barriga pra cima, pegar as perninhas pela batata, perto do joelho, dobrá-lo e levá-las até a barriga. 1, 2, 3, várias vezes. A gente contava em voz alta, assim ela sabia que a gente ia fazer isso, virava brincadeira e ela colaborava. O que acontece é que eles soltam uns peidões e se livram dos gases. Eu o fazia sempre antes de trocar a fralda e ela aproveitava pra dar uma cagadinha extra as vezes e me economizava aquele jato de cocô na mão exatamente DEPOIS que eu tirava a fralda pra colocar a nova. Deitar os bichinhos de barriga pra baixo também ajuda, mas tem que estar junto. Ah! Estabelecer um ritmo de mamadas também é importante, eu falo disso no item 6.

11- DEITÁ-LOS DE BARRIGA PRA BAIXO: o meu guia faz um bicho enorme sobre essa posição, sempre que a menciona bota bem grande "NÃO O DEIXE NESSA POSIÇÃO SEM ASSISTÊNCIA". Segundo o livro do meu husband, um guia alemão bem conceituado aqui, isso é porque 80% dos bebês que morreram de morte súbita estavam nessa posição. Mas também esclarece que a maioria eram bebês frágeis, com outros problemas. Mas mesmo o meu guia e também o meu médico aconselhavam deixá-los um pouquinho nessa posição todo dia, como se fosse a hora da ginástica. Eles aprendem usar os bracinhos pra se levantarem, a virar de costa pra barriga e vice-versa, além de ajudá-los a soltar os peidões que felizmente os livram dos gases. Eles choram, ficam com raiva, porque se frustram em não conseguir o que querem, mas deixe alguns minutinhos todo dia e esse chororô vai ser menor e menor a medida que ele vai conseguindo fazer as coisas que ele quer. Minha pirraia começou a engatinhar com 5 meses e pouco. Juro! Tenho vídeos para provar ;-) Não é que os pirraia têm que sair correndo com 6 meses, mas se eles se viram ou se erguem sozinhos, eles precisam menos de ajuda pra fazer o que querem e você tem mais tempo pra fazer outras coisas.

12- FESTA: tudo que você quer que o bebê faça ou que você vê que ele quer fazer, quando ele o fizer faça uma festa, bata palma, comemore com ele, seja engulir a primeira colherada ou comer a mamadeira inteira, virar de barriga pra de costas, alcançar um objeto, tudo. Serve também para os "acidentes": caiu, bateu a cabeça, finja que não aconteceu nada (é difícil no começo) ou faça uma festa, ele acabou de aprender uma coisa útil para o futuro. E pelo menos comigo, de manhã, um "bom dia" bem feliz me dá um sorriso que me droga de felicidade o dia inteiro!

13- CHORO X SOFRIMENTO: isso se pode ler em vários guias e escutar da sua mãe, avó e médico. Nem todo choro significa sofrimento. A minha bebê por exemplo chora sempre que acorda e um pouquinho antes de dormir mesmo se estiver no meu colo, é um tipo de auto-consolo ou mal humor pré/pós-sono. Eu conheço vários adultos assim, agora sei que os bebês também podem sê-lo. Muitas vezes nós sofremos mais com o choro deles do que eles mesmos.

14- BOTAR PRA DORMIR: se você é da filosofia que acredita que o bebê deve dormir na sua própria cama, sempre que possível, coloque-o na cama com sono quase dormindo mas não adormecido completamente e saia de cena, assim ele vai ficar sozinho na hora de cair no sono e vai entender isso como normal. Evite fazê-lo dormir dando de mamar ou ele vai se acostumar a isso. Veja a hora que ele costuma ter sono e dê de mamar 1h antes. Um bebê, como qualquer outra pessoa, acorda várias vezes pela noite e volta a dormir, se você o ensina a adormecer-se sozinho desde o começo. Se não, você vai ter que levantar todas as vezes que ele se desperta para voltar a adormecê-lo. Segundo o guia que eu leio e minha experiência, ele pode chorar um pouquinho nas primeiras 3 ou 4 noites, mas dormirá em seguida. Existem várias técnicas de fazer isso, faça uma pesquisa, mas eu acredito que se você faz assim desde o 2º ou 3º mês, não haverá necessidade de usá-las. Isso foi uma das coisas que eu fiz de errado, aprendi depois e tivemos que sofrer um pouquinho pra consertar quando ela já tinha mais de 4 meses. Hoje está funcionando tudo bem, quando estou vestindo o pijaminha dela depois do banho, ela já está ansiosa pra que eu a coloque na cama pra virar de lado e dormir. Quase que não se importa com meu beijinho de boa noite - que btw, considero muito importante! Ah! Quase ia esquecendo: ao redor das sombracelhas e dos olhos a pele tá vermelhinha e o bebê tá bem chatinho? Bota ele na cama já! Ele tá prontinho pra dormir.

15- ACUDIR QUANDO ACORDA: baseada na mesma filosofia que eu expliquei no item anterior, quando o bebê acorda de noite ou de dia até, não acuda ao primeiro gemido, muitas vezes (é verdade, acredite!) os bebês dão uma choradinha e voltam a dormir sozinhos. Se você o pega antes disso, aí sim ele vai chorar porque você o despertou antes da hora. Mas é claro que se ele tá se esguelando (meu deus, nunca escrevi essa palavra, é assim?), tem que ir ver o que é né? Eu tenho uma babá eletrônica com vídeo (presente do cunhado), agora com 6 meses é lindo vê-la brincando na cama dela sozinha, coisa que se eu tivesse que ver pessoalmente não seria possível porque ela reclamaria meu colo. Recomendo muito!


To be continued...

O meu guia é o "What to expect the first year" em espanhol.
O guia do husband é "Baby Jahre" em alemão.