Zygmunt Bauman

Ontem vi no El Periódico uma entrevista com esse homem. É um polaco judeu sociólogo que se exilou na Inglaterra quando tava rolando o judeucida aqui na zoropa. Nunca ouvi falar, nao sabia nada dele, mas diz aqui que ele mais ou menos "previu" essa crise que tanto se fala hoje. Mas ele diz que nao previu nada, só "é sensível ao que vê". E quando a jornalista (que também num sei quem é mas parece mais bronca que num sei que...) pergunta: "o que você vê?". Aí ele responde: "acabo de ver um comercial de um rímel" hahahahah... Bom, mas ele falou de uma coisa que chamou de "modernidade líquida" - sinceramente, nao entendi muito o conceito nao, mas teve várias coisas que ele mencionou na entrevista que considero importantes:

1- Quando eu era jovem (década de 50 p aí... o bicho tem 83 anos!), podias ir pra a General Motors ou Ford, entrar como estagiário e se aposentar aí. A partir dessa segurança, montavas uma família, compravas tua casinha e fazias um seguro. Isso se acabou. A estatística diz que o jovem que acaba a universidade mudará de emprego 8 vezes antes dos 35 anos. (isso pra tranquilizar a gente os trintoes que vivemos a mudança de uma coisa pra outra e as vezes nos sentimos uns loosers perante a nossa inestabilidade)

2- (isso é bem legal) O impulso da economia dos últimos 30 anos, com momentos de maior opulência, se baseou no crédito. Hoje todo mundo endividado. Consta que a dívida dos Estados Unidos é de sete trilhoes de dólares. Particularmente, acho que essa crise é o produto do SUCESSO do sistema, nao de seu FRACASSO. Um banco tem sucesso quando dá muitos empréstimos. E transformaram a toda a populaçao numa naçao de endividados. Diante disso é necessário reconfigurar os princípios nos quais se baseiam a nossa economia.

3- (aí a mulher diz: entao você sugere mais rigidez? ô coitchada, num tá entendendo nada... massa é a resposta do cara) Isso seria uma mudança na forma de VIVER, mas eu sugiro uma mudança na forma de PENSAR. Tem que se pensar por exemplo, que significa uma vida decente, a felicidade, que deve ser a finalidade de nossa existência. (num entenderam ainda nao isso foi???) Os jovens foram formados na base da expectativa, que sempre haverá mais de tudo... Mas existe uma coisa que nos OBRIGARÁ a reconfigurar o modelo. (aí o bicho toca na coisa ambiental que tá na cara e a gente tá fingindo que num é com a gente) Estamos enfrentando a crise climática, a destruiçao dos meios tradicionais de subsistência, o esgotamento dos recursos.

4- (e a mulher diz: Deus, Estado, família, trabalho, natureza, uma falência geral! aí ele diz uma coisa que no Brasil a gente conhece bem mas aqui é novidade ainda) Da perspectiva dos meus 83 anos, ao olhar pra trás, vejo o itinerário como um cemitério de expectativas. Todos os acontecimentos importantes do século XX se produziram de forma inesperada. A ÚNICA CERTEZA QUE TEMOS É A INCERTEZA.

(já dizia o filósofo olindense Fabinho Trummer hahahaha:

O futuro é uma probabilidade
A única estabilidade é aceitar a incerteza
E a única salvação é a transformação a
Cada segundo cada instante é importante,
Não subestime o absurdo / pois amanhã
O absurdo poderá ridicularizá
Os descrentes neles / subestimar o fraco
É só uma prova da sua incapacidade de adaptação
Por isso os mutantes triunfarão
Pois "o futuro é uma probabilidade e a única
Estabilidade é aceitar a incerteza"
E a única salvação é a transformação
A cada segundo
A cada segundo/ timbres, textos, diversão
A cada segundo/ cores, perdas, multidão
A cada segundo/ quartas, cinzas, arranhão
A cada segundo...)

5- (a mulher diz: a incerteza produz medo e o medo subtrai a liberdade - que conceito tronxo é esse???? e a liberdade do novo, do construir??? aí o bicho responde, adorei) Bom, tem a liberdade do DESCONHECIDO. Nao sabemos o que vai acontecer e o pior de tudo é que, mesmo que soubéssemos, nao poderíamos fazer nada. (hmmm... essa sensaçao me é familiar...)